terça-feira, 12 de novembro de 2013

Nota de Esclarecimento - Transição BI-CPL / Vagas Residuais

NOTA DE ESCLARECIMENTO

TRANSIÇÃO BI-CPL / PROCESSO SELETIVO PARA VAGAS RESIDUAIS


Caras e caros estudantes do Bacharelado Interdisciplinar em Saúde, nós, do Centro Acadêmico do Bacharelado Interdisciplinar em Saúde – CABIS, através desta nota, pretendemos esclarecer algumas dúvidas acerca do processo de transição BI-CPL e a relação desta transição com o processo seletivo para vagas residuais. Esta relação tem causado um certo desconforto entre as e os estudantes, criando um ambiente de competição que, infelizmente, já foi fomentado em demasia pela Universidade Federal da Bahia e que, em nossa opinião, deve ser evitado ao máximo dentro e fora dos muros do IHAC e da universidade como um todo.

O assunto mencionado acima já foi alvo de discussão em anos anteriores, mas nos últimos meses tem ganhado força e, com a aproximação do fim do semestre 2013.2 e a consequente formação de mais uma turma dos BI’s, o tema tem sido foco de discussão entre as e os estudantes do curso, alcançando por último, à universidade como um todo, uma vez que o referido assunto será alvo de discussão em um dos conselhos superiores da universidade – o Conselho Acadêmico de Ensino (CAE).

Antes de trazermos as nossas considerações, gostaríamos de salientar o quanto consideramos importante o processo de maturação das discussões e as consequências nas quais este processo resulta. Acreditamos que decisões importantes como esta devem ser tomadas após um longo e qualificado processo de discussão e que devemos nos despir de quaisquer posições individualistas a fim de que possamos compreender que as realidades não são as mesmas para todos os indivíduos e que, portanto, temos de ser responsáveis em nossas ações, até mesmo para não criarmos pré-conceitos, não sermos incoerentes ou mesmo para não iniciarmos uma nova “caça às bruxas”. Tendo em vista, que o que está sendo feito é uma prática prevista no regimento da universidade, que possibilita às e os estudantes que necessitam de fato utilizarem-se deste mecanismo para permanecerem na universidade e terem acesso a outras oportunidades acadêmicas. O que pretendemos aqui é colaborar de alguma forma para as discussões e esclarecermos àquelas e àqueles que ainda não sabem o que está acontecendo e que acabam sendo forçados a assumir uma posição, sem haver uma discussão que é de fundamental importância.

Como muitos devem saber, há na UFBA, assim como em todas as instituições de ensino, as transferências interna e externa, amplamente conhecidas como “vagas residuais”. As vagas residuais consistem em vagas que não foram preenchidas através do vestibular, ou de estudantes que desistiram do curso ainda dentro do tempo previsto para o cumprimento do fluxograma do mesmo. Nos BI’s, devido a não implantação efetiva do regime de ciclos pela Universidade Federal da Bahia, vemos que as e os estudantes, mesmo após passar por um vestibular, continuam dentro de uma lógica de disputa e competitividade, já que o Bacharelado Interdisciplinar não tem como objetivo profissionalizar o indivíduo, tendo como uma das possibilidades, para quem assim deseja, ingressar nos Cursos de Progressão Linear – CPL. Neste sentido, a não implementação do regime de ciclos restringe o número de vagas e fomenta a competição, o que acaba trazendo consequências como esta em que estamos vivendo no momento. Alguns estudantes, ao realizarem uma avaliação de conjuntura, percebem que há uma possibilidade iminente de não conseguirem ingressar no CPL desejado e, diante desta possibilidade, recorrem a um mecanismo permitido pela universidade: realizar transferência interna através das vagas residuais, trocando apenas de turno. Através deste mecanismo é possível “zerar” o CR e ao mesmo tempo pedir aproveitamento de estudos, o que irá levar este estudante a uma posição privilegiada frente aos demais, uma vez que as notas dos componentes curriculares que puxavam seu CR para baixo não mais existirão, em contrapartida a carga horária do componente cursado estará presente em seu histórico, não trazendo nenhum prejuízo para este estudante, uma vez que ele não necessitará permanecer mais tempo no curso para se formar.

Esta prática tem sido bastante condenada por estudantes que veem nesta estratégia uma maneira de “burlar o sistema”. Concordamos que a transferência interna não existe para que estudantes se aproveitem dela para se beneficiar dentro de um curso que, infelizmente, segue moldes completamente diferentes daqueles pregados pelo seu projeto pedagógico, mas salientamos que a UFBA tem grande responsabilidade nisso, pois não há qualquer espaço de discussão dentro da universidade que contemple a temática de regime de ciclos nos cursos de graduação.

É completamente compreensível que as e os estudantes que se sintam prejudicadas e prejudicados e/ou injustiçadas e injustiçados diante de tal prática se organizem a fim de impedir que tal ação continue a ser feita, afinal, diante de tais circunstâncias um dos objetivos após a conclusão do BI (transição para o CPL) pode estar comprometido. Quando responsabilizamos a universidade nós não nos referimos a permissão que existe para a realização da transferência interna, nos referimos ao fato de esta universidade ter inserido dentro de seus muros um curso de caráter inovador, se autointitular como “Universidade Nova”, contudo continuar sendo uma universidade conservadora e que, por omissão ou mesmo decididamente, abandona os BI’s, não alimentando qualquer tipo de discussão mais ampla acerca do regime de ciclos.

É fundamental também apresentar a todas e todos a composição do Conselho Acadêmico de Ensino - CAE e qual a nossa responsabilidade nesse espaço. O CAE é composto pelo Pró-reitor de Ensino de Graduação, Pró-reitor de Ensino de Pós-graduação, por representantes de cada Instituto/Faculdade da UFBa, representante dos servidores técnico-administrativos, representante da comunidade (vaga não preenchida) e os representantes estudantis indicados pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE). Diante de tal composição, fica claro que não estamos num espaço do IHAC ou do nosso B.I. Saúde. Estamos num espaço composto por representantes de toda a universidade e, portanto, toda decisão tomada neste conselho necessita de uma discussão mais aprofundada, pois todas as decisões deste conselho têm consequências diretas e indiretas na vida de todas e todos estudantes desta instituição.

Gostaríamos de finalizar convidando a todas e todos para que lembrassem que o projeto político-pedagógico dos Bacharelados Interdisciplinares vai muito além de uma transição BI-CPL ou mesmo uma questão burocrática que envolve as vagas residuais. Estamos num curso inovador que traz uma nova perspectiva de modelo de ensino e para tal, faz-se necessário que sejamos as e os protagonistas da efetivação desta mudança. Tendo como objetivo final a completa implementação do regime de ciclos na Universidade Federal da Bahia.


Centro Acadêmico do Bacharelado Interdisciplinar em Saúde – CABIS
Gestão: Construindo o Amanhã – 2013/2014



Salvador, 12 de novembro de 2013

2 comentários:

  1. É incrível como o Brasil parece não mudar. Por um acaso entrei em busca de uma informação e cheguei até esta página e o que vi me deixa mais uma vez decepcionado com a "bandidagem" que certos indivíduos se dispõem em fazer, se utilizado de mecanismo que só visa burlar o sistema em proveito próprio. Um absurdo e estes elementos, que se dizem estudantes que teoricamente deveriam mudar a cara de nossa sociedade, se tornam já desde cedo mais um corrupto, que simplesmente tirou a vaga de alguém que tinha mais condições que ele. Lamentável! E sinceramente nem posso falar o que deveríamos fazer com esses elementos e essa pratica baixa, injusta.

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    1. Injusto é a Universidade Não implementar o regime de ciclos. Venha vivenciar na prática o que o texto acima relata e certamente vc mudará a sua concepção. o que ocorre não é corrupção, mas sim uma disputa num campo. Para compreender melhor leia o conceito de campo do autor Pierre Bourdieu, ajudará a clariar as suas ideias.

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